sábado, 16 de dezembro de 2017

Olhar o outro com "olhos de amor"

Muitas lições venho aprendendo, especialmente nas duas últimas décadas e algumas destas lições venho compartilhando, seja por meio de textos, artigos ou em bate papos informais. Dizem os mais maduros que sábios são aqueles que aprendem com as experiências dos outros.De fato, é sem dúvida uma escolha que evita muitas dores. Não sou uma pessoa carinhosa no que se refere a contato físico. Costumo demonstrar o carinho que sinto pelo cuidado, pelo zelo e atenção com as pessoas, então, posso afirmar que não sou cinestésica. Minha percepção é principalmente a visual e em segundo plano a percepção auditiva. E o ditado "é preciso ver pra crer" me resume bem. Talvez por ter identificado essa percepção visual, eu a tenha utilizado a meu favor da melhor maneira possível. Nos últimos anos tenho feito alguns exercícios com pessoas com as quais tenho algumas dificuldades e com quem preciso conviver sempre, por serem pessoas muito próximas e principalmente por amá-las. Estas dificuldades eram provocadas por atitudes banais, do dia a dia, como por exemplo, no jeito de comer, ou de gesticular, ou mesmo comportamentos provocados por T.O.C. (transtorno obsessivo compulsivo). Percebi e entendi claramente que não conseguiria mudar as pessoas e os hábitos delas, mas poderia transformar a irritação que aqueles gestos, aquelas atitudes me provocavam. Mas como fazer isso? Foi então que iniciei a prática dos meus exercícios que aliás, mantenho permanentemente. Mas, antes vou esclarecer o que me despertou para essa prática. Não sei exatamente quando e nem aonde, mas li em algum lugar uma frase que dizia mais ou menos o seguinte: "Quando olhar para alguém, não se atenha somente ao que os olhos podem ver. Vá além, porque existe uma história de vida em cada pessoa".E eu me vi nesta frase. Gostaria que as pessoas me olhassem e não percebem apenas o que vissem, mas que percebem tudo o que já vivi e me valorizassem pela pessoa que sou, com toda a minha história de vida. E a partir daquele momento aconteceu um insight. Comecei o exercício de olhar para as pessoas por inteiro, com o que atualmente chamo de "olhos de amor". E, não é um processo no automático. Não sou apresentada a uma pessoa e imediatamente a olho desta maneira. Porém, se num momento qualquer, essa mesma pessoa trouxer um problema, uma situação em que necessite da minha atenção ou da minha compreensão, então, pratico o exercício e, naturalmente não há como praticá-lo sem utilizar a empatia. O exercício de olhar para o outro com "olhos de amor" me auxilia no relacionamento com as pessoas mais próximas e tem me auxiliado também no âmbito profissional, onde as pessoas pouco são percebidas em seus ambientes de trabalho como pessoas que, apesar de suas atividades profissionais, também têm uma boa responsabilidade nas suas atividades da vida pessoal e a cada dia esta carga vem afetando o resultado dos profissionais no ambiente de trabalho. Olhar com "olhos de amor" é perceber o outro como alguém que precisa ser compreendido. É deixar de olhar apenas para os meus problemas ou esquecer que existem apenas os meus problemas. Existe um mundo em torno de mim, existem pessoas que sofrem e que precisam de uma palavra amiga, de uma palavra de conforto, de um sorriso acolhedor. É compreender que todos têm uma história, têm lutas e todos têm muito o que contar. Quando consegui olhar o todo, quando consegui perceber a grandeza que está por trás da pessoa que eu percebia somente o que os meus olhos conseguiam ver, tudo aquilo que me aborrecia foi deixando de fazer sentido e por isso, afirmo que mantenho diariamente a prática do exercício porque nunca vou deixar de me aborrecer com algum gesto, alguma mania de alguma pessoa mas sei que quando eu o olhar com "olhos de amor", tudo isso vai passar.

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